A nova etapa da Operação Lava Jato, deflagrada hoje (22), teve oito
mandados de prisão decretados, entre eles estão o do publicitário João
Santana e de sua mulher, Mônica Moura. O casal está fora do país, em
viagem à República Dominicana. Os mandados deles são de prisão
temporária.
Em entrevista na Superintendência da Polícia Federal
(PF) no Paraná, os investigadores informaram que a nova fase iniciou a
partir da abertura de um inquérito em setembro. A polícia apreendeu na
casa do engenheiro Zwi Skornicki, funcionário da construtora Odebrecht,
documentos em que Santana e a esposa dão orientações de como enviar
dinheiro para contas deles no exterior. Um dos documentos é assinado por
Mônica - com o sobrenome Santana - enviado a um grupo de funcionários
da construtora, que era responsável pelos pagamentos da empresa no
exterior. O destino final dos repasses seriam contas na Suíça, a partir
de financeiras localizadas nos Estados Unidos. Zwi Skornicki foi preso
preventivamente na operação de hoje.
Segundo os
investigadores, Mônica enviou um contrato de referência usado
anteriormente como modelo para simular a prestação de serviços. Apesar
de rasurado, de forma a dificultar a identificação de algumas
informações, peritos da PF conseguiram identificar o conteúdo, o que
acabou por agregar mais provas e abrir novas frentes de investigações.
Tendo
por base essas informações, a PF fez pedido de cooperação ao governo
norte-americano. “Isso nos possibilitou rastrear esses pagamentos
supostamente ilegais no exterior em conta secreta de João Santana.
Pagamentos provenientes da Odebrecht e do engenheiro Zwi Skornicki. A
suspeita é que o pagamento veio de serviços eleitorais prestados ao PT”,
disse o delegado Filipe Pace.
João Santana coordenou as duas
campanhas da presidente Dilma Rousseff, em 2010 e 2014, e a campanha de
reeleição do ex- presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2006.
Na
investigação, os policiais identificaram repasses por meio do banco
Citibank, de Londres. A PF também solicitou informações ao banco. Em
novembro, o Citibank enviou dados parciais que indicaram quatro
depósitos totalizando US$ 3 milhões, entre 2012 e 2013, em contas que
seriam de João Santana. O primeiro, em 13 de abril, de US$ 500 mil,
seguido de um depósito de US$ 1 milhão e de outros de US$ 700 mil e US$
800 mil. “Esses depósitos foram feitos por offshores empregadas no
esquema da Odebrecht”, acrescentou Pace.
Os depósitos de US$ 700
mil e US$ 800 mil teriam, segundo a PF, sido usados para que Santana
comprasse um apartamento em São Paulo, no valor de US$ 2 milhões. O
delegado apontou ainda outros depósitos relevantes. “De setembro de 2013
a novembro de 2014, uma offshore fez nove depósitos de US$ 500 mil, que
totalizaram US$ 4,5 milhões”, acrescentou.
Também chamou
atenção dos investigadores que os depósitos eram feitos com base em
contratos falsos usados para justificar a remessa de dinheiro. Segundo
os investigadores, João Santana e Mônica Moura trataram diretamente com
representante de operador de propina da Petrobras que fez depósitos para
campanhas eleitorais. “Tudo leva a crer que o casal tinha conhecimento
do uso desses contratos falsos”, disse o delegado.
Um e-mail de
Fernando Migliaccio, que, segundo a polícia, intermediava os contratos
da Odebrecht com a Petrobras, teve o sigilo quebrado. “Identificamos
planilha encaminhada a ele [o operador], de dentro da Odebrecht – criada
por Maria Lúcia Tavares, que foi presa hoje em Salvador, contendo
registro de despesas de financiamento de campanhas eleitorais referentes
ao PT, de 2008 a 2012”, acrescentou Pace.
De acordo
com Pace, foi feito um depósito de US$ 500 mil em uma conta de Pedro
Barusco, ex-diretor da Petrobras, e a compra de um aparelho de ginástica
para Renato Duque, ex-diretor da Petrobras. Todos já réus da Lava Jato
apontados de desvios de dinheiro da estatal. “Vimos também
que uma reforma foi feita na residência de Armando Tripodi, ex-chefe de
gabinete de Sérgio Gabrielli [ex-presidente da Petrobras] que, ao que
parece, foi ligado a outra área de investimento da empresa. Isso nos
leva a crer que esses pagamentos foram motivados por obras feitas em
plataformas da Petrobras, em contratos de US$ 2 milhões e de US$ 5,6
milhões”, disse o delegado.
Defesa
A
assessoria de imprensa de João Santana divulgou nota na qual informa
que, no início da tarde de hoje, o advogado do publicitário, Fábio
Toufic, divulgará um comunicado esclarecendo a posição de seu cliente em
relação à operação de hoje. Informa também que Santana e sua esposa,
Mônica Moura, retornarão ao Brasil com objetivo de se apresentar às
autoridades.
A nova fase da Operação Lava Jato foi
deflagrada na manhã de hoje, cumprindo mandados em São Paulo, no Rio de
Janeiro e em Salvador. Foram seis prisões temporárias e duas
preventivas. A 23ª fase da Operação Lava Jato foi denominada Acarajé, em
alusão ao termo utilizado por alguns investigados para nominar dinheiro
em espécie.
Os mandados são cumpridos nos estados da Bahia
(Salvador e Camaçari), do Rio de Janeiro (Angra dos Reis, Petrópolis e
Mangaratiba) e de São Paulo (capital, Campinas e Poá).
O objetivo
das investigações desta fase é o cumprimento de medidas cautelares
relacionadas a três grupos: um grupo empresarial responsável por
pagamento de vantagens ilícitas; um operador de propina no âmbito da
Petrobras; e um grupo recebedor, cuja participação fora confirmada com o
recebimento de valores já identificados no exterior em valores que
ultrapassam US$ 7 milhões.
Os presos serão levados para a
Superintendência da Polícia Federal em Curitiba, onde permanecerão à
disposição da 13ª Vara da Justiça Federal.
Odebrecht
A
empresa Odebrecht, alvo de investigação da Operação Lava Jato,
confirmou hoje (22), por meio de nota, que agentes da Polícia Federal
fazem ações nos escritórios da companhia em São Paulo, Rio de Janeiro e
Bahia, visando o cumprimento de mandados de busca e apreensão. Informou,
ainda, que “está à disposição das autoridades para colaborar com a
operação em andamento”.
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