quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Morre um gênio


Steve Jobs, cofundador da Apple e responsável pelos mais revolucionários lançamentos da empresa, morreu hoje aos 56 anos de idade. Diagnosticado com um câncer de pâncreas em 2004 e submetido a um transplante de fígado em 2011, Jobs pedira afastamento definitivo da Apple há dois meses, em decorrência do agravamento do seu estado de saúde.
“Steve Jobs revolucionou mais a eletrônica digital do que qualquer outro líder setorial na segunda metade do século 20 e começo do século 21”, escreveu o jornalista Ethevaldo Siqueira naquela ocasião. “Sua contribuição talvez seja ainda maior do que aquela dada por Henry Ford, um século antes, à indústria automobilística e à mecânica em geral.”
Um pouco de Steve Jobs
Filho adotivo de Paul Jobs, um operador de máquinas, e de Clara Jobs, uma contabilista, de Mount View, na Califórnia, Steve Jobs nasceu em Los Altos, no Vale do Silício, em 24 de fevereiro de 1955.
Terminou o curso colegial em 1972 foi trabalhar na Atari em 1974. Em 1975, associou-se ao Homebrew Computer Club, que tinha como presidente Steve Wozniak. Ambos se reuniram para trabalhar no projeto de uma placa lógica de computador, da qual resultou o Apple I em 1976.
Para reunir o capital e fundar sua própria empresa, Jobs e Wozniak venderam uma velha Kombi e uma calculadora HP 65. Nasceu, então, a Apple, no final de 1976. Foi quando começaram a trabalhar no Apple II, que daria o grande salto não apenas na vida de Steve Jobs, mas também na empresa.
Em 1981, Steve Jobs assumiu o cargo de presidente (chairman) da Apple. Em agosto desse mesmo ano, a IBM, embora tenha ridicularizado a ideia de computadores pessoais, lançou seu primeiro PC. Em 1983, Jobs contratou um executivo famoso da Pepsi Cola, John Sculey, para CEO da Apple.
Lançado em 24 de janeiro de 1984, o Macinthos transformou-se logo no microcomputador mais revolucionário do mundo, com os ícones tão atraentes de sua interface gráfica e o mouse. Depois dele, a microinformática não foi mais a mesma, em todo o mundo.
A trajetória do Macintosh nos últimos 27 anos mostra, acima de tudo, ousadia nas inovações, embora a Apple tenha enfrentando momentos de crise. Mas nenhuma outra linha de computadores pessoais poderia hoje retratar de forma tão completa e precisa a evolução da informática em todo o mundo nas últimas duas décadas.
Idas e vindas
A primeira vez em que Steve Jobs pediu demissão da Apple foi em 1985, numa queda de braço com Sculley, que assumiu a presidência da empresa. Logo em seguida, Jobs lançou a empresa NeXT, baseada em Redwood, na tentativa de criar um microcomputador ainda mais sofisticado do que o Macintosh e que pudesse revolucionar a pesquisa e a educação superior.
Em 1986, Steve Jobs comprou por US$ 10 milhões a Pixar Animation Studios, do diretor de cinema George Lucas. Dois anos depois, lançou o computador NeXT, um cubo preto de 30 centímetros de altura, que custava US$ 10 mil. No ano seguinte, Steve Wozniak também deixou a Apple, embora mantenha até hoje seu vínculo como empregado e receba um salário mensal. Em 1991, Steve Jobs casou-se com Laurene Powell, que ele havia conhecido em 1989, quando ela fazia um curso de pós-graduação na Universidade de Stanford.
Na metade da década de 1990, a situação econômica da Apple era preocupante. A empresa estava sem perspectivas no mercado e corria o risco de entrar em decadência. Sua decisão estratégica e salvadora em 1996 foi comprar a NeXT por US$ 400 milhões e recontratar Steve Jobs, como conselheiro.
O então presidente da Apple, Gil Amelio, executivo famoso, ex-presidente da National Semiconductors, foi demitido da Apple e Steve Jobs assumiu o cargo de presidente executivo (CEO) interino, em 1997.
Num e-mail enviado aos empregados da Apple em 2004, Steve Jobs anunciou que ia ser submetido a uma cirurgia para tratar de um câncer raro, no pâncreas. A saúde de Steve Jobs agravou-se em 2009, levando-o a afastar-se por seis meses da Apple, para fazer um transplante de fígado.
No dia 24 de agosto de 2011, Steve Jobs encaminhou sua carta de renúncia e despedida da Apple, indicando seu sucessor, como presidente executivo, Tim Cook.
Eis a carta de Steve Jobs:
“Aos diretores e à comunidade da Apple: Eu sempre disse que, se chegasse o dia em que eu não pudesse mais dar conta de minhas obrigações e expectativas como presidente executivo da Apple, eu seria o primeiro a dar conhecimento disso a vocês.
Infelizmente, esse dia chegou. Por meio desta carta, eu renuncio ao cargo de presidente executivo da Apple. Eu gostaria de servir, se a diretoria assim concordar, como presidente do conselho, diretor e empregado da Apple.
Tão logo meu sucessor chegue, eu recomendo que seja executado o plano de sucessão e nomeie Tim Cook como CEO da Apple.
Acredito que os dias mais brilhantes e inovadores da Apple estão por vir. Espero ver e contribuir para seu sucesso numa nova função.
Fiz na Apple alguns dos melhores amigos de minha vida, e agradeço a todos pelos muitos anos que pude trabalhar junto com vocês.
Steve”
Texto: Ethevaldo Siqueira

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