sábado, 8 de março de 2014

Violência contra a mulher é mancha no RN

 

A se manter a média de ocorrências, neste 8 de março, quando se celebra o Dia Internacional da Mulher, duas potiguares sofrerão o crime de lesão corporal por parte de seus companheiros, talvez algum familiar ou ente próximo. O dado é baseado nas estatísticas, referentes aos dois primeiros meses de 2014, das Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher (DEAM) que funcionam no Rio Grande do Norte.

O número representa apenas os dados registrados pela Polícia Civil, em conjunto com a Coordenadoria da Defesa dos Direitos da Mulher e das Minorias (Codimm) e, de acordo com as autoridades ouvidas pelo NOVO JORNAL, ainda está bem aquém da realidade dos crimes cometidos contra as mulheres, já que muitas delas ainda temem denunciar seus agressores.

Atualmente, as DEAM’s atendem a todos os casos de crimes que tenham o público feminino como vítima, desde uma simples briga entre vizinho até os mais complexos homicídios, mesmo os que não tenham características de crimes de gênero, ou seja, que tenham como motivação o fato da vítima ser uma mulher.

No cômputo geral dos crimes contra as mulheres, as cinco delegacias especializadas do estado – Mossoró, Caicó, Parnamirim e Natal (zonas Norte e Sul) – já registraram este ano 546 boletins de ocorrência, de acordo com os dados das próprias delegacias e da CODIMM.

A grande concentração dos números ainda fica na capital. Natal representa um pouco menos de 70% dos BO’s registrados, com 370 ocorrências. Os registros mais comuns feitos nas delegacias são de crimes de lesão corporal e de ameaça.

Os dados colhidos nos dois primeiros meses ficam um pouco abaixo do padrão identificado pela CODIMM nos anos anteriores. As estatísticas de 2013 das DEAM’s, prejudicadas pela longa greve dos agentes da Polícia Civil, apontam para o registro de 913 casos de lesão corporal entre janeiro e junho. Uma média simples aponta para cinco casos de agressão por dia. No mesmo período foram 1720 casos de ameaça em todo o Rio Grande do Norte.

Em 2012, os números são ainda um pouco maiores. A média aponta para seis agressões por dia – 2185 casos registrados, em um total de 8136 BO’s assinalados nas cinco delegacias especializadas de atendimento à mulher.

CRIMES PASSIONAIS
Um tiro no olho e mais três dias no hospital acabaram com a vida da jovem Débora Fernandes de Macedo, de apenas 16 anos. Moradora de Santo Antônio do Salto da Onça, a 76 km de Natal, a garota foi morta pelo companheiro, com quem vivia há dois anos. A motivação: ciúmes.

Débora é o caso mais recente de homicídio com características passionais registradas pela CODIMM e o segundo listado desde o início do ano. Ela foi atingida pelo disparo no dia 2 de março, domingo de carnaval, e faleceu na manhã da quarta-feira de Cinzas (5), no Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel.

De acordo com os relatos da mãe da vítima, Marineide Cardoso, ao Portal BO, Débora sofria constantemente com a violência do companheiro, mas nunca denunciou ou quis separar-se dele. O suspeito ainda não foi preso.

Segundo a coordenadora estadual da Defesa dos Direitos da Mulher, a agente aposentada da Polícia Federal Francisca Erlândia Mendes, os casos de homicídios que tem mulher como vítima quase sempre tem um padrão. “A mulher sofre com a violência dentro de casa e não denuncia, não procura seus direitos. Assim o quadro vai evoluindo para o extremo, que é o homicídio”, relata a coordenadora.

O segundo caso listado nos registros da CODIMM apontam a morte de Izânia Maria Bezerra, no dia 16 de fevereiro, como o primeiro homicídio suspeito de ser um crime passional. Ela foi morta a tiros na zona rural de Macaíba quando estava com seu ex-marido, o tenente da Polícia Militar Iranildo Félix, que também foi atingido, mas estava de colete à prova de balas.
Ele é investigado como suspeito pela morte do lutador de MMA Luiz de França, na Zona Sul de Natal, e também é listado nos registros da CODIMM como suspeito da morte de Izânia.
Além de Débora e Izânia, outras 12 mulheres foram assassinadas no RN desde o dia 1º de janeiro, das mais diversas características, que vão desde bala perdida, até latrocínio, passando por espancamento e crime com características de execução por dívidas com o tráfico de drogas. Natal lidera o ranking, com seis mortes. É seguida por Macaíba, com três homicídios registrados.
Fonte:  Paulo Nascimento
DO NOVO JORNAL

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