Presidente do Ibope diz que queda é reflexo dos protestos de rua
Ariel Subirá /30.06.2013/Futura Press/Estadão Conteúdo
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Todas as principais instituições perderam boa parte da confiança dos
brasileiros após os protestos de junho. Mas, entre elas, nenhuma perdeu
mais do que a presidente da República: três vezes mais do que o resto. É
o que mostra uma pesquisa nacional do Ibope, chamada Índice de
Confiança Social. Feita anualmente desde 2009, a edição de 2013 foi
divulgada nesta quinta-feira (1º).
Entre 2012 e julho passado, todas as 18 instituições avaliadas pelo
Ibope se tornaram menos confiáveis aos olhos da opinião pública. É um
fato inédito nas cinco edições da pesquisa. O índice de confiança nas
instituições caiu sete pontos, de 54 para 47, e, pela primeira vez,
ficou na metade de baixo da escala, que vai de 0 a 100. Na primeira
edição, em 2009, marcava 58.
A CEO do Ibope Inteligência, Marcia Cavallari, explica a queda.
— É uma crise generalizada de credibilidade. Está refletindo o momento
do País, os protestos de rua. Já havia uma queda leve nos anos
anteriores, mas agora a perda de confiança se acentuou.
Nenhuma instituição passou incólume pela onda de protestos. Dos
bombeiros aos partidos políticos, das igrejas aos sindicatos, todas as
instituições se tornaram menos confiáveis para a população — inclusive
os meios de comunicação, governo federal, prefeituras, Congresso e
Judiciário. Uns mais, outros menos.
Presidência
A confiança na instituição "presidente da República" foi a que mais
sofreu. Perdeu 21 pontos em um ano. É três vezes mais do que a perda
média de confiança das 18 instituições pesquisadas. Em 2010, com Lula no
cargo, a Presidência era a 3º instituição mais confiável, atrás apenas
dos bombeiros e das igrejas.
No primeiro ano de governo de Dilma Rousseff, seu índice de confiança
caiu de 69 para 60. Recuperou-se para 63 no ano seguinte, e despencou
agora para 42 — uma nota "vermelha". Em um ano, saiu da 4ª posição no
ranking para a 11ª. Nenhuma outra instituição perdeu tantas colocações
em tão pouco tempo.
O grau de desconfiança em relação à Presidência varia regionalmente. A
queda foi pior no Sudeste, onde a instituição desabou de 60 para 34
pontos em um ano. Menos ruim foi no Nordeste, onde caiu de 68 para 54
pontos. Há diferenças entre as classes de consumo: 36 pontos na classe
A/B contra 54 na D/E.
Para Marcia Cavallari, "a Presidência cai mais por conta da
personificação dos protestos". Segundo a diretora do Ibope, havia uma
grande expectativa na economia que não se realizou.
— Isso acaba se refletindo mais na instituição Presidência.
O resultado é ainda mais preocupante para o Congresso e para os
partidos políticos. Mesmo sendo os piores do ranking de confiança das
instituições, caíram ainda mais: de 36 para 29 pontos, e de 29 para 25,
respectivamente. Mantêm-se nos dois últimos lugares da classificação
desde 2009.
Saúde e Judiciário
A confiança no sistema público de saúde sofreu a terceira maior queda,
de 42 para 32, e segue na 16ª posição. Daí candidatos de oposição que
sonham disputar a sucessão presidencial em 2014 começarem a articular
suas candidaturas em torno do tema.
A confiança no Judiciário também caiu, de 52 para 46 pontos, mas como
as outras instituições caíram ainda mais, a Justiça foi da 11º para a
10º posição no ranking.
— O Judiciário havia se recuperado em 2012 por causa do julgamento do mensalão.
Sinal de que nem toda queda é irreversível, como explica Marcia Cavallari.
— Reversível sempre é, desde que ocorram mudanças perceptíveis, concretas para que essa credibilidade seja recuperada.
Fonte: R7
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