domingo, 1 de setembro de 2013

Obama decide intervir na Síria

 
No pronunciamento feito na tarde de ontem, Obama falou que o regime sírio realizou o "pior ataque químico do século XXI" FOTO: REUTERS

Washington. O presidente dos EUA, Barack Obama, anunciou ontem que decidiu realizar uma intervenção militar na Síria em retaliação ao ataque químico que ocorreu no subúrbio de Damasco no último dia 21. Entretanto, ele também decidiu que pedirá autorização do Congresso para fazê-lo.
No pronunciamento feito nos jardins da Casa Branca, ao lado do vice, Joe Biden, Obama falou que o episódio foi o "pior ataque químico do século XXI" e destacou que a operação militar terá escopo e duração limitados, mirará apenas alvos do regime e não incluirá o envio de tropas. "Eu estou pronto para agir diante desse ultraje. Hoje peço ao Congresso aval para que ajamos como uma nação única", disse.

Obama lembrou a situação de seu maior aliado, o premiê britânico, David Cameron, que sofreu uma humilhante derrota no Parlamento na quinta-feira ao ver derrotado seu pedido para se unir aos EUA na ação.

Ele disse que, apesar dos conselhos para que não o fizesse, decidiu levar o assunto ao Capitólio porque acha que os parlamentares "devem ser ouvidos.

O debate e a votação sobre o assunto deverão ocorrer assim que o Congresso voltar do atual recesso, que termina no próximo dia 9.

Mais cedo, Obama, o secretário de Estado americano, John Kerry, o secretário da Defesa, Chuck Hagel, e outros conselheiros da Casa Branca se reuniram e conversaram por telefone com senadores tanto do Partido Democrata, o do presidente, como do Republicano.

Um vetor importante para a decisão dos parlamentares americanos será a opinião pública. Na sexta, pesquisa Reuters/Ipsos revelou que 53% dos americanos não querem que o país se envolva no conflito na Síria, uma brusca queda em relação à semana anterior, quando 60% se opunham.

Os EUA consideram que as provas obtidas por seus serviços de inteligência são suficientes para justificar uma ação militar destinada apenas a coibir o uso de armas químicas. Conforme o governo americano, o regime sírio realizou um ataque com armas químicas no último dia 21 no subúrbio de Damasco que matou 1.429 pessoas, sendo 426 crianças. O regime nega.

Ontem, o líder russo, Vladimir Putin, disse que os EUA deveriam exibir as provas que dizem ter contra o regime sírio. Disse ainda que parte das provas citadas pela inteligência americana, grampos de telefonemas entre oficiais sírios, é insuficiente.

Também ontem, a equipe de inspetores da ONU que estava na Síria visitando mais de dez locais onde teriam ocorrido ataques químicos deixou o país. Eles saíram em um comboio de veículos rumo ao Líbano, de onde embarcaram em um avião do governo alemão rumo a Roterdã, na Holanda.

O exame dos materiais que foram coletados será feito em Haia, na Holanda, e o resultado deve sair em duas semanas.

Ministros árabes irão se reunir
Cairo. Os ministros árabes das Relações Exteriores vão se reunir no Cairo, neste domingo, para discutir o conflito na Síria, na perspectiva de um possível ataque militar pelos Estados Unidos e a França, que acusam o regime de matar centenas de pessoas em um ataque químico.

Os delegados permanentes da Liga Árabe atribuíram ao regime sírio a "total responsabilidade" pela ação em 21 de agosto Foto: Reuters
O número dois da Liga Árabe, Ahmed Ben Helli, indicou neste sábado que essa reunião, prevista para terça-feira, foi adiantada para este domingo em razão dos últimos acontecimentos. Na última terça-feira, os delegados permanentes da Liga Árabe atribuíram ao regime sírio a "total responsabilidade" pelo suposto ataque químico nos arredores de Damasco em 21 de agosto, que provocou protestos internacionais e levou vários países a considerarem ataques contra a Síria.

O secretário de Estado americano, John Kerry, citou, na última sexta-feira, a organização pan-árabe entre os potenciais aliados para uma ação militar, enquanto muitos países, incluindo três membros do Conselho de Segurança da ONU - Grã-Bretanha, China e Rússia - se opõem.

Contudo, países influentes da Liga Árabe, como o Egito, Argélia, Iraque, Líbano e Tunísia, manifestaram-se contra uma intervenção militar estrangeira. A oposição síria e países ocidentais acusam o regime de Bashar al Assad de matar centenas de pessoas fazendo uso de gás tóxico. Já Damasco acusa os rebeldes de usar armas químicas. 
Fonte: Diario do Nordeste




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