Robinson Faria e Fátima Bezerra se reuniram ontem com lideranças de seus partidos para discutir formação da aliança. Foto: Divulgação |
Vice-presidente da Câmara dos Deputados, o deputado federal Fábio
Faria (PSD) disse que há uma tendência natural de uma aliança política
entre o PT e o PSD para as eleições deste ano ao Governo e ao Senado. O
parlamentar, que é filho do pré-candidato do PSD a governador,
vice-governador Robinson Faria, disse que tanto Robinson, quanto a
deputada federal Fátima Bezerra, pré-candidata do PT ao Senado, “têm o
perfil que o eleitor espera para o RN” e são “nomes fora das famílias
tradicionais”.
As palavras de Fábio Faria foram proferidas na manhã desta
sexta-feira, um dia após a reunião entre PT e PSD, na sede do diretório
estadual do PT. Na oportunidade, lideranças das duas legendas
conversaram durante três horas consecutivas. Uma nova reunião entre PT e
PSD ficou agendada para o próximo dia 24. “A reunião foi muito boa. Há
uma tendência a uma aliança. Vamos conversar com outros partidos aliados
de Dilma e avalizar com a nacional através dos presidentes nacionais”,
afirmou Fábio Faria. “A tendência é natural. O PSD quer o governo, o PT o
Senado”, completou.
A possibilidade de aliança entre as duas legendas surgiu da exclusão
delas da chapa que vem sendo montada no estado pelo PMDB. Essa aliança
contemplaria partidos que são adversários do PT em nível nacional, a
exemplo do PSB, que lançará a candidatura de Eduardo Campos, o DEM e o
PSDB, que terão como candidato a presidente da República o senador Aécio
Neves (PSDB). Durante esta semana, lideranças do PT local confirmaram a
exclusão da sigla. A posição do PMDB, de preferir o PSB, foi comunicada
oficialmente ao PT em reunião, há duas semanas.
A partir dessa constatação, o PT passou a admitir aliança com os
partidos que estejam na base de apoio à presidente Dilma Rousseff e que
irão apoiar à reeleição da presidente. Nesse contexto, o PSD se destaca,
haja vista fazer oposição à governadora Rosalba Ciarlini e ser um dos
principais parceiros em nível nacional do PT. No Rio Grande do Norte, o
PSD desponta com a pré-candidatura de Robinson ao governo. Como o
projeto do PT é lançar Fátima Bezerra para o Senado, as duas legendas
decidiram se juntar.
A força da possível aliança entre PSD e PT é justamente o fato de
entre eles haver convergência de projetos. Segundo Fábio Faria, tanto
Robinson, quanto Fátima “são nomes com viabilidade e estão juntos a
Dilma”. “Robinson e Fátima são nomes novos, que têm o perfil que o
eleitor espera para o RN. Com muita coragem e vontade pra propor e fazer
o que o RN precisa. Nomes fora das famílias tradicionais”, afirmou.
COSTURA
A aliança em apoio a uma possível chapa Robinson governo e Fátima
Senado não se restringirá a esses dois partidos. Petistas e pessedistas
decidiram no encontro desta quinta iniciar um processo de costura de
alianças com outros partidos. Partidos que fazem parte da base da
presidente Dilma serão convidados a integrar a aliança. “Vamos conversar
com os partidos da base de Dilma. São 14. Não cabem todos os partidos
em aliança. Isso é natural. Todos estão conversando com todos”, afirmou
Fábio.
Fábio tem mantido contatos diários em Brasília com lideranças
nacionais tanto do seu partido, o PSD, quanto do PT e outras legendas da
base governista com vistas à formação do palanque oposicionista a
Rosalba no RN. Para ele, para os líderes desses partidos, a aliança
PT/PSD “é muito bem-vinda por se tratar de dois partidos que já
anunciaram que estarão juntos em 2014. E que existe um grande respeito
entre eles. E por se tratar de uma aliança com apenas um presidente da
República”, frisou, em referência indireta à aliança que está sendo
articulada pelo PMDB no Rio Grande do Norte, que contempla PSB e PSDB,
partidos que têm pelo menos duas candidaturas presidenciais: Eduardo
Campos e Aécio Neves. Por conta desse cenário, segundo Fábio, as
direções nacionais de PT e PMDB têm “grande torcida” para que a aliança
PT e PSD com Robinson para o governo e Fátima para o Senado aconteça.
“Queremos apoio do PDT à chapa Robinson e Fátima”
Juliano Siqueira explicou que durante a reunião do PT com o PSD, de
três horas, foi feito um levantamento geral do quadro político do RN e
avaliando a conjuntura. “Avançamos no sentido de marcar novas reuniões,
para estreitar posições, e discutir com partidos da base de apoio à
presidente Dilma Rousseff, principalmente o PDT e o PC do B”.
Pelo calendário, segundo Siqueira, a definição será breve, até o
final de março. “Isso é uma decisão a nível nacional”. “Nesse momento,
contamos com o PSD como aliado preferencial. No momento, o Robinson é o
único que se lançou candidato a governador.
E Fátima é nossa candidata ao Senado. Se os dois forem candidatos,
considero uma ótima chapa. Agora, tem que se viabilizar. Por isso que
temos que conversar com os partidos do campo popular, mas nesse momento
não diria que é uma ótima chapa apenas, mas a única que existe. Wilma
diz que não sabe. Henrique diz que não é candidato. Garibaldi idem”.
Ainda de acordo com Siqueira, PT não participará de palanque de três
cabeças. “É o palanque que o PMDB quer montar, que reúne gregos,
troianos e até romanos, gente que apoia Aécio Neves, apoia Eduardo
Campos.
Para nós tudo começa com o apoio à reeleição de Dilma”, reforçou o
petista. “Existem chances concretas de formalizarmos a aliança com o
PSD, mas não será uma aliança exclusiva do PT com o PSD. Vamos discutir
com outros partidos do campo popular”.
Juliano Siqueira: “Fernando Bezerra fez confissão prévia de derrota”
O presidente do PT em Natal, Juliano Siqueira, disse que o nome do
PMDB cotado para disputar o governo do Estado, Fernando Bezerra, fez uma
confissão prévia de derrota, ao afirmar, em entrevista esta semana à
Rádio Cidade, reproduzida em O Jornal de Hoje, que não tem estatura
político-eleitoral para enfrentar a ex-governadora Wilma de Faria numa
disputa ao governo do Estado.
“Fernando Bezerra diz que o PMDB é refém de Wilma e que só é
candidato se ela não for. É o mesmo que o America dizer que só disputa a
competição se o ABC não disputar. Isso não é candidato. É uma confissão
prévia de derrota”, analisou o petista, crítico mordaz da aliança
costurada pelo PMDB em nível estadual.
Segundo Siqueira, o PT não participa da articulação do PMDB, por
estarem envolvidos partidos inaceitáveis para os petistas, como DEM,
PSDB e PPS. “São partidos que há 12 anos desenvolvem uma política
sistemática contra o nosso governo e consequentemente contra o povo
brasileiro. São responsáveis para crise no RN e o processo de desgaste
do governo. Como admitir que os que afundaram o RN, de uma hora para
outra vão se transformar nos salvadores?”, disse.
Para o petista, “essa falsa generosidade do PMDB em relação ao DEM e
ao PSDB não passa de tentativa de reviver no RN a prática condenável de
acordões, familiares e oligárquicos, que se reúnem e combinam como vão
tomar os postos do poder”. E completa: “O povo está excluído do
processo. São os mesmos atores de uma velha tragédia”.
O dirigente partidário afirma que o projeto político desenhado pelo
presidente da Câmara, Henrique Alves, e pelo ministro da Previdência,
Garibaldi Filho, visa a colocar todas as forças num mesmo palanque.
“Estamos fora. A política do PT é clara. Nos sentimos hoje recuperando
espaço, recuamos da candidatura própria buscando um entendimento com o
PMDB, e eles imaginaram que nós estávamos nos colocando como refém do
PMDB. Na maioria dos estados não temos coligação com o PMDB. E do jeito
que as coisas estão andando, está claro que não temos nenhuma
perspectiva de coligação com o PMDB. Então, o PMDB que monte o acordão,
faça o palanque, reúna aliados, e nós vamos montar o nosso, que será
claro e nítido de apoio à reeleição da presidente Dilma”, afirmou.
Para Siqueira, “um palanque que tem três candidatos a presidente da
República foge completamente da nossa principal meta política: a
reeleição da presidente Dilma”. “Aqui no RN tem articulação do PMDB com o
objetivo de excluir o PT da chapa majoritária e nós não aceitamos isso.
E se o PSB da vice-prefeita Wilma de Faria concorda com isso, nós não
vamos com palanque que não é nem bipolar, é tripolar”, ironizou.
Ainda segundo Siqueira, ainda há muita confusão no palanque
articulado pelo PMDB. “O PMDB não tem candidato nem a senador, nem a
governador. O PSB não sabe se vai para o governo ou Senado”, disse. “Já
no campo de Dilma, os fatos concretos são as candidaturas de Robinson e
Fátima, que colocam para a opinião pública que não escolhem
adversários”.
Fonte: Jornal de Hoje - Alex Viana
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