SHEILA D'AMORIM
JULIA BORBA
DE BRASÍLIA
Apesar das restrições impostas pelo governo à cobrança de tarifas
bancárias, as instituições financeiras estão criando novas tarifas e
achando brechas nas normas para cobrar por serviços não contratados
pelos clientes.
Neste ano, as reclamações contra os bancos somente por custos que não
foram acordados já somam o equivalente a dos dois anos anteriores
juntos, segundo dados compilados pela Secretaria de Defesa do Consumidor
do Ministério da Justiça.
Dados do Banco Central também apontam que a cobrança irregular de
serviços não contratados vem ganhando destaque no ranking de reclamações
da instituição, que considera só queixas confirmadas como procedentes.
No ano passado, elas mais do que triplicaram.
Um dos problemas apontados pela economista Ione Amorim, do Idec
(Instituto de Defesa do Consumidor), são os pacotes de serviços
oferecidos pelos bancos. "As instituições financeiras estão usando os
pacotes para validar a cobrança de outras tarifas", diz. "São um caminho
para driblar as normas."
Segundo ela, os principais problemas ocorrem nos chamados serviços
diferenciados, que incluem desde aluguel de cofres a envio de mensagens
automáticas e administração de fundos de investimento. Muitas vezes
classificados com nomes diferentes, eles são de difícil comparação pelos
clientes. Algumas dessas cobranças também incluem itens que o BC
proíbe.
O Bradesco, por exemplo, passou a cobrar dos clientes, em julho deste
ano, pela visualização da imagem dos cheques emitidos nas consultas pela
internet. A tarifa de R$ 2 é classificada pelo banco como uma
remuneração por "serviços diferenciados".
Segundo a instituição, o serviço foi implantado gradualmente em todo
país e só não foi cobrado enquanto era apenas um projeto-piloto.
O chefe do Departamento de Normas do BC, Sérgio Odilon, diz que a
cobrança é irregular. Ele orienta os clientes a denunciar ao BC sempre
que identificarem que algum custo foge a regra. Amorim destaca que,
mesmo nos pacotes, o cliente precisa ser previamente informado sobre
novas cobranças.
Nessa linha, de acordo com o Idec, o Santander criou novos tipos de
extratos, chamados de "inteligentes", que chegam a custar R$ 4,90. O
banco diz que esse extrato traz muitas informações além da movimentação
de conta e é enviado pelo correio.
Diogo Shiraiwa/Editoria de Arte/Folhapress | |
Nenhum comentário:
Postar um comentário