segunda-feira, 12 de maio de 2014

O estilo Alex Escobar de narrar futebol

 
Divulgação
Alex Escobar

Fãs do futebol vão ter a opção de assistir a alguns jogos da Copa do Mundo com uma narração mais espontânea, bem-humorada, repleta de informação e diferente dos padrões. Esta é a proposta de Alex Escobar, o mais novo narrador esportivo da Rede Globo. Carioca de Bangu, 39 anos, Escobar teve uma carreira meteórica. Após ser comentarista do canal SporTV, passou a apresentador da edição carioca do Globo Esporte da Globo, e, após nove meses de testes, virou narrador. 

Escobar está introduzindo na TV brasileira um estilo de narrar diferente do tradicional, que teve origem nas grandes figuras que vieram do rádio. "Não tenho potência de voz", reconhece o ex-locutor de FM. De fato, as transmissões que tem feito no Campeonato Brasileiro se destacam pelo "bate-papo" com os comentaristas e repórteres, tornando a narrativa mais leve.
Escobar não se limita apenas a falar o nome dos jogadores. Características, obrigações táticas e comportamento dos atletas são apresentados aos telespectadores o tempo todo. "Sempre procuro me informar bastante sobre todos os times e, com a internet e as redes sociais, ficou ainda mais fácil", disse o narrador, que tem como espelho o veterano Silvio Luiz. "Meu estilo se assemelha mais ao dele." Apesar disso, considera Galvão Bueno o melhor de todos. "Jamais teria condições de fazer o que o Galvão faz."

Por cinco anos, Escobar foi comentarista do SporTV. Mas, com a opção dos canais de colocarem ex-atletas como comentaristas, Escobar apresentou à direção da TV Globo sua intenção de narrar os jogos. "Pediram para eu fazer do meu jeito. De forma instintiva. Uma coisa mais espontânea, uma narração mais conversada, um grande bate-papo."
Uma característica, no entanto, segue intacta na narração: o momento do gol. "Quando a bola vai chegando perto da área, a tensão aumenta e é preciso aumentar o ritmo. Não dava para mudar isso também. Seria mexer demais numa coisa a que se está acostumado há muito tempo."
Ao contrário da maioria dos narradores, Escobar não pretende criar bordões. "Cada um tem seu estilo. Eu prefiro deixar rolar, acontecer normalmente." Uma frase já criada, que, segundo Escobar, vai ganhando a simpatia do público, é quando o repórter o chama e ele atende com "é você quem vai dizer".
Escobar se anima quando fala da repercussão. "Olha, está sendo melhor que do que eu imaginava. Sofro algumas pancadinhas (críticas), mas que são normais. Estou preparado. E ansioso para ver como será na Copa." Feliz, ele agradece a oportunidade. "Preciso aproveitar cada momento por que estou passando, pois já atingi um nível que jamais pensei em conseguir." No fim do mês, Escobar vai comentar dois jogos do Campeonato Brasileiro, que terão transmissão nacional.
Mas se engana quem acredita que a Copa do Mundo vai ser o clímax para Escobar. Torcedor do América - tradicional clube do Rio, que completa 110 anos em 18 de setembro, e que vive momento muito difícil na Série B do Campeonato Carioca -, ele sonha em narrar um jogo do seu time do coração. "Esse dia será emocionante. Não vejo a hora de isso acontecer. Narrar um gol do América... Na hora, vou pedir licença, pois vai ser difícil segurar, mas vai ter de ser com uma vitória. Não adianta o gol sair e o América perder por 5 a 1", diverte-se. "Gol do América... de Natal", informou Escobar, durante uma transmissão de um jogo do Vasco, pela Série B do Brasileiro.
Escobar é um "ídolo" da torcida americana, pois é figura constante nos jogos da equipe no Estádio Giulite Coutinho, no município de Mesquita, Baixada Fluminense, a 35 quilômetros do centro do Rio. Com tênis e bermuda, fica na arquibancada incentivando os jogadores do seu time de coração, até mesmo quando a partida é em São Cristóvão ou Madureira.
Escobar tenta transmitir o amor que tem pelo América para o filho Pedro, de 13 anos. "Quando ele era pequeno, a cada gol do Internacional de Porto Alegre (que também tem as cores branca e vermelha), eu dizia que era do América. Agora, com ele mais crescido, não dá mais para falar isso."
Fonte: Estadão

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