Por Filipe Serrano
Quarta geração tem capacidade de fazer que a internet fique mais rápida e estável nos smartphones e tablets
SÃO PAULO – Uma tecnologia ainda cara, compatível com poucos
celulares e disponível apenas em certos bairros de algumas cidades do
País. É nesse cenário que começa a funcionar no Brasil a quarta geração
de tecnologias de telefonia móvel (4G), uma aposta que tende a melhorar a
velocidade do serviço de internet móvel – isto é, a conexão usada nos
smartphones e tablets.
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O cronograma definido pela Agência Nacional de Telecomunicações
(Anatel) dá um prazo até amanhã para que as operadoras de celular
comecem a operar suas redes 4G nas seis cidades que vão sediar a Copa
das Confederações entre 15 e 30 de junho.
Algumas empresas como Claro e Oi já se adiantaram ao prazo limite e
começaram a vender o serviço para os consumidores. Na semana passada, a
Claro inaugurou sua rede também na cidade de São Paulo – que não sediará
o evento esportivo em junho, assim como Curitiba e Porto Alegre, que
também começaram a ser atendidas pela operadora antes do cronograma
oficial.
Até sexta-feira, Vivo e TIM não tinham divulgado os valores dos seus
planos 4G e as cidades cobertas, o que deve ser anunciado nesta semana.
Inicialmente, poucas pessoas terão acesso à nova tecnologia. Apenas
smartphones compatíveis captam o sinal e existem 11 modelos homologados
(autorizados) no País com a tecnologia 4G. O mais barato deles é
encontrado no varejo por R$ 1.240, sem descontos de operadoras.
Já os consumidores que compraram celulares 4G nos Estados Unidos
(como o iPhone 5) não vão se beneficiar da conexão que pode ser até dez
vezes mais rápida do que o 3G. Isso ocorre porque a frequência adotada
nos EUA – e em muitos outros países – é diferente da que opera no
Brasil.
Além disso, a instalação da infraestrutura está em fase inicial. A
Anatel exigiu a cobertura de pelo menos 50% da área dos municípios com a
nova tecnologia e, por enquanto, o 4G está disponível em apenas alguns
bairros. O Link usou um celular 4G da Claro na semana passada em parte
das zonas norte e oeste de São Paulo e não encontrou o sinal de quarta
geração nesses locais.
“A tecnologia ainda é nova, está sendo testada e a cobertura é baixa.
Existe o risco de o usuário ter uma experiência de uso ruim, mas as
operadoras têm que lançar porque têm as obrigações”, diz a analista
Marceli Passoni, da consultoria Informa Telecoms & Media. “A partir
do próximo ano, as empresas devem migrar os usuários mais ativos para a
rede 4G, mas a tecnologia ainda vai ser adotada pelos consumidores em
larga escala. Isso vai ocorrer em 2015 ou 2016.” Segundo ela, o alto
preço do serviço contribui para que o 4G atraia poucos consumidores
nesta primeira fase de instalação.
A consultoria estima que o Brasil tenha 930 mil assinantes de
serviços 4G até o fim do ano. O número é pequeno comparado aos 264
milhões de linhas móveis ativas no País – das quais 61,3 milhões são
celulares com tecnologia 3G. Relatório da Anatel de março registrava 14
mil aparelhos 4G ativos no Brasil. Mas a previsão é que a quarta geração
cresça muito nos anos seguintes. Em 2017 a quantidade de linhas ativas
pode chegar a 28 milhões, segundo a Informa.
Para Erasmo Rojas, diretor para América Latina da 4G Americas –
associação da indústria de celulares –, as operadoras têm de usar o
tempo antes da Copa das Confederações e da Copa do Mundo no Brasil para
testar a rede e, assim, oferecer um serviço de boa qualidade. “A
tecnologia vai funcionar. A questão é se vai haver capacidade e
cobertura suficientes para garantir o funcionamento não só nos estádios,
mas também no uso diário”, diz. “É importante que essa experiência em
junho seja bem feita para que os brasileiros não tenham a mesma dúvida
que hoje têm em relação ao 3G e que a 4G seja uma rede em que se possa
confiar.”
Fonte: Estadão
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